quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O Lúpulo de Hallertau

A Placar desse mês veio com um anúncio que me chamou a atenção. Basenado no pressuposto que todo homem que gosta de futebol gosta de cerveja a marca PRIMUS, comprou duas páginas da revista. A propaganda em si não importa, o que chamou a atenção é um quadrinho, no meio das cores, cervejas e mulheres da propaganda.
O dito cujo diz "FEITA COM O LÚPULO DE HALLERTAU". E isso é frequente nas demais mídias da cerveja.
O que diabos é o lúpulo de hallertau? Será, que ao menos um terço das pessoas que bebem cerveja sabem o que é lúpulo? E pior, quantas pessoas sabem onde diabos fica Hallertau, seja lá se isso for um lugar. E a pergunta mais intrigante, porque eu, um simples mortal, me interessaria por uma cerveja que possuisse essa qualidade da qual eu não faço a menor idéia do signficado? A informação deveria ser completa, não adiante nada o lúpulo de Hallertau e o trigo de Cubatão. É estranho porque parece que ter o lúpulo de Hallertau é uma coisa que todos conhecemos, que saímos pela rua e falamos "Olha aquela gatinha! Ela é feita de lúpulo de Hallertau! É perfeita pra mim!"
Bom, do lúpulo eu só sei que tem em toda cerveja. Mas o Deus Google me diz que "trata-se de algo como o tempero da cerveja, ou seja, seu amargor. Ele é feito das pétalas da flor de lupuleiro, que é uma planta que cresce tipo parreira. Contudo, existem muitas variedades de lúpulo, bem como regiões produtoras."
De Hallertau, descobri que é uma região qualquer da Bavaria, e que começou a produzir o lúpulo primeiro e por isso, por essa tradição do "cheguei primeiro" tem a fama de produzir o melhor lúpulo do mundo. A PRIMUS pressupõe que todos saibam da informação. Coisa que eu descubro na terceira década de vida, com ajuda do Deus Google.
Além do que, o lúpulo de Hallertau pode ser realmente daqueles lúpulos que jamais se esquece, mas pode ter outros espalhados aí pelo mundo. Eu digo que quando o Botafogo ganha, o pessoal lá do bar que assiste o jogo exagera na cerveja, aí acaba a Brahma, a Skol, a Nova Schin e aí eles pedem a Primus. Estar atrás da Nova Schinem preferência é quase igual estar atrás do Ipatinga no Brasileirão. Façanhas para a Primus para o Fluminense e para o Vasco da Gama.
Já dizia o cara que bebe todos os dias ali no bar da esquina que mais importante que o lúpulo é ela estar gelada. E ele completa seu raciocínio, digno de um grande filósofo "depois de quatro cervejinhas, você nem vai lembrar mais do lúpulo e muito menos de onde vem ele vêm. Seja de Hallertau, de Neves, de Caxambu ou Cambuquira o melhor lúpulo é o que está na geladeira te esperando”.

PS 1. Utilizando da psicologia inversa o mesmo anúncio fala " Não acesse www.cervejaprimus.com.br " Ao contrário do lúpulo é uma boa sacada desrespeitar o anúncio.

PS 2. Em breve vou falar sobre um anúncio na revista TRIVELA. Para o fãs do Suriname, é sensacional.

PS 3- "O Lúpulo de Hallertau" parece nome de filme né? Quem propõe um roteiro?

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Lipik

Já se diz por aí que o mal do mundo é esse tal de "politicamente correto". E de fato é. Por isso comédias que deixam o "politicamente correto" de lado tem me conquistado.
Minorias não sabem brincar, mas o Borat e o CQC tão aí pra isso.
E agora eu destaco o Lipão, ou o Lipik, que faz um trabalho bem legal com suas tirinhas. Se querem fugir desse marasmo de piadas politicamente corretas é só clicarem AQUI
Se você ta com preguiça e pensando que vai ser mais uma tirinha sem graça tipo Garfield eu me dou o trabalho de postar algumas que eu mais gostei por aqui.A propósito dois comentários. Pouca gente consegue trabalhar tão bem com o Hitler de forma humorística. E olha que o Lipão parece alemão e tem até parente germânico, além de adorar uma salsicha.
E não é só de Hitler que vive as piadas. Outros personagens incríveis com alergia a lactose, mania de destruir, loucos por bacon compõem o repertório.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

João.


Há pouco tempo, na saída do estádio, num dia em que vencemos ao nosso modo, desesperadamente, um homem de olhos injetados gritava: "Ninguém sofre mais do que eu! Ninguém sofre mais do que eu!"
Cada time tem seus usos. Ministros de Estado, capitães de indústria e generais-de-brigada fariam bem em ser um pouco Botafogo.
Mais cedo do que tarde, descobririam que os planos são instáveis, que as certezas são poucas e, principalmente, que o mundo não lhes obedece.
Do ponto de vista da profilaxia da alma, me parece que o ceticismo botafoguense é superior à convicção otimista flamenguista.
Se não por outra razão, ao menos por esta: cedo ou tarde todo mundo terminará enfrentando seu momento fatal.
Quem sabe não estaremos mais preparados? Ao longo dos tempos aprendemos a vencer - sabemos como é isso -, mas jamais nos iludimos quanto à fugacidade dos bons momentos, pelo contrário.
A lógica do pior nos ensinou que, mais dia, menos dia, a vaca voltará para o brejo, como de fato volta, apesar do que dizem os padres e os pastores.
Nessa hora será útil ter abandonado toda metafísica nas tardes/noites do nosso estádio.
Em dias de derrota, apenas trincamos os dentes, encaramos o abismo e não arredamos pé.
É sempre um ensaio para o futuro. - João Moreira Salles.

domingo, 24 de agosto de 2008

Beijing 2008


Picante pero saboroso mostra como a logo foi criada, clique aqui e se divirta.



E depois de dezessseis dias de espiríto olímpico imperando, mesmo que só de madrugada, chega ao fim a edição chinesa dos Jogos Olímpicos.
Três ouros, quatro pratas e oito bronzes. Até que não foi tão mal assim, apesar de presenciarmos em um mesmo fim de semana as façanhas brasileiras de o cavalo cair, o barco afundar e o ginasta cair sentado. De Brasil já basta, é só ligar em um dos milhares de canais olímpicos que você vai saber todo que aconteceu nesses dezesseis dias. Venho aqui, portanto, cumprir um trabalho jornalístico e destacar campanha peculiares de algumas nações peculiares nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008. E não é que a ilha do reggae, de Bob Marley e da cannabis virou uma potência esportiva? Se o brasil é samba, futebol e mulher, essa ilhazinha na América Central virou a terra do reggae, da cannabis e do atletismo.
Ao contrário dos Jogos Olímpicos de Inverno, onde a Jamaica jamais ganhou um bronzezinho (até porque neva sempre! rá!), e virou até roteiro no marvilhoso filme "Jamaica abaixo de zero", a Jamaica sai de Pequim como a 13ª maior nação do esporte, na frente de Espanha, Canadá e, obviamente, do Brasil. O curioso é que todas as SEIS medalhas de ouro, três de prata e duas de bronze foram conquistadas em um único esporte, o atletismo. Impressionante o que esses caras e donzelas correm, destaque pro fenômeno Usain Bolt, que bateu o recorde mundial dos 100m e dos 200m e ainda teve tempo para dar uma zoadinha. O maior destaque é para a prova feminina dos 100m rasos. Começa a prova mais rápida do atletismo feminino e, em 10 segundos, já se vê que as três primeiras colocadas ostentam o verde e amarelo jamaicano. Uau, ouro, prata e bronze para essa ilhazinha, incrível não? Não. O incrível é que a segunda e a terceira colocada conseguiram fazer o mesmo tempo, assim a Jamaica, em 10 segundos, ganhou um ouro e DUAS pratas. Em 10 segundos de Olímpiadas ela conquistou medalhas que já a colocariam na 42ª colocação do quadro de medalhas, a frente de Bélgica, Suécia, Portugal e Grécia, que não conseguiram nada disso nas Olímpiadas toda. Depois dizem que maconha faz mal.
Ah! Dois dias depois, revezamento 4x100m feminino com as três corredoras jamaicanas e mais uma. Óbvio que viria mais um ouro para o Bob Marley não? A não ser que a quarta corredora não tenha uma perna. Eis que então as corredoras jamaicanas erram na hora de passar o bastão, deixam cair e perdem até para o Brasil. E olha que lá eles treinam essas coisas de passar a bola.Mulheres brasileiras olímpicas, ginastas brasileiros olímpicos. Botafogo, Atlético Mineiro, seleção espanhola de futebol. Todos têm uma baita fama de amarelar em momentos decisivos, mas em Pequim 2008, o prêmio de érder em horas decisivas ficou para a terra de Fidel Castro. Não me surpreenderia em nada se encontrasse Diego Hipólyto e as meninas do futebol juntos dançando ao som de Buena Vista Social Club, tomando um Mojito, enquanto fazem um charuto, tudo ao mesmo tempo já que são atletas.
As duas medalhas de ouro conquistadas por Cuba, no Atletismo e na bizarra Luta Greco Romana, merecem ser muito comemoradas, porque a zica tava grande. Foram nada mais nada menos do que ONZE medalhas de prata, e ONZE de bronze. Fica até feio no quadro de medalhas: Ouro (2), Prata (11), Bronze (11). No total, a ilha teve só uma medalha a menos do que o Japão, 8º colocado no quadro, mas pela sua incopetência na hora H, Cuba ficou com a 28º posição, atrás da Geórgia que ganhou mais medalhas mesmo sendo bombardeada.
Famosa pela tradição nas lutas, os cubanos chegaram a quatro finais no Boxe, perderam todas e três finais no Judô, e tomaram uma naba nas três. No lançamento de dardo, perderam o ouro por míseros 10 cm. E chega no último dia, e Cuba é imensamente favorita para mais um ouro, no Beisebol, onde sempre ganha, e tinha batido os EUA na semifinal. Nas cinco Olímpiadas anteriores cuba tinha 3 ouros e 2 pratas nesse esporte. E não é que eles conseguem perder para a Coréia do Sul? A imprensa cubana trata a derrota como a pior da história do esporte na Ilha.
Se Fidel viu, não gostou.Pouco se sabe sobre a Armênia. A menor das repúblicas soviéticas, ali perto da Turquia, quase na Geórgia fica esse país que tem a bandeira da Colômbia ao contrário. Pesquisando no Wikipedia descobre-se que a Armênia é uma potência mundial no Xadrez que, infelizmente para os armênios, ainda não é esporte olímpico, e se virar abre prescedente para o truco, pôquer, gamão, ludo e se bobear até Banco Imobiliário ou Jogo da Vida.
Destaquei a Jamaica e seus ouros, Cuba e suas pratas então a Armência fica com o bronze. O país teve seis medalhas nos jogos, o mesmo número da Argentina, o que para um paísico é sensacional. Seis medalhas, seis de bronze. O que rendeu a 79ª posição no quadro de medalhas e a primeira colocação entre os países que só ganharam bronze, como Formosa, com quatro bronzes logo atrás. Três no Levantamento de Peso, duas no Boxe e uma na Luta Greco Romana. Esses armênios são fortes, mas nem tanto né?





O destaque final vai para os mascotes. Alguém aí ouviu falar deles? Não, nem viu. O publicitário dos Jogos errou feio, não satisfeito com um, nem com dois, resolveram criar CINCO mascotes! Nem a Luísa Mel tem tanto bicho assim. Cinco, e o pior, assim como a escrita chinesa, eles se pareciam e tinham nomes impossíveis de decorar para os ocidentais, Beibei, Jingjing, Huanhuan, Yingying e Nini, eis os nomes. Cada um é um animal: peixe, panda, andorinha, e pasmem, um antílope tibetano. Tem um outro que deve ser a fênix, mas parece mesmo a chama olímpica. Cada um é um elemento: Fogo, Água, Terra, Ar e pasmem de novo, a madeira. Capitão Planeta iria gostar. Juntos eles têm um outro nome, os "Fuwa", que em português quer dizer "Os Amistosos". Alguma semelhança com Teletubies talvez não seja coincidência.
Fato é que na China eles fazem um sucessozinho, tem até um desenho animado denonimado "The Olympic Adventures of Fuwa" que clicando no nome aí você pode ver a abertura, uma mistura de Pokemon com Ursinhos Carinhosos.
Na velha máxima de achar que é tudo japa, por mim eles erraram demais nesses mascotes. Botava o Pikachu e tava tudo resolvido.

Até Londres, Beijing Beijing, Tchau Tchau!

sábado, 16 de agosto de 2008

Os Quatro Dígitos

Hoje deixo toda carga esquerdinha e anti-capitalistazinha de lado para falar dos “quatro dígitos”.
Fui introduzido no conceito “quatro dígitos” por Amanda Horta. Amanda que, por sinal, anda por terras estrangeiras para se jogar e para botar uma experiência internacional no curriculum, para, obviamente, tentar um dia ganhar quatro dígitos, mesmo que seja sendo uma cientista social.
O conceito quatro dígitos é demais. Aliás, dígitos são demais. Qual a emoção de se encontrar uma nota de R$100? Além da raridade é pelo fato dela ter um dígito a mais, a tornando diferente, parecendo que os trejeitos daquela nota sejam completamente diferentes das de 50, 20 ou 10. Os dígitos, por serem 3, parecem menores, e envolvem aquele pedaço de papel em um misto de mistério e admiração. A foto que ilustra esse post é de quando, ao sacar dinheiro no banco no aeroporto de São Paulo antes de partir para a viagem, tive minha primeira nota de três dígitos. Mas to aqui é pra falar de quatro, afinal, qualquer bolsa de iniciação científica te dá três dígitos, ás vezes, sem muito esforço.
Ainda não tive a experiência de ganhar quatro dígitos ao vender minha força de trabalho por mês, mas já tive quantia suficiente para olhar meu extrato e ver, sorrindo para mim, quatro dígitos de valores variados. É uma sensação só... Com esses quatro dígitos fiz a minha viagem tão relatada aqui nesse blog e foi uma experiência que mesmo se um dia eu for agraciado com seis ou sete dígitos eu jamais esquecerei. A reflexão que proponho é, se com quatro dígitos juntados durante um ano, tive essa experiência, imagina a revolução que pode ser a vida de uma pessoa quando ela passa a ser reconhecido profissionalmente e passa a vender sua força de trabalho por quatro dígitos o mês?
A questão não é econômica, insisto. Independentemente do valor do primeiro dos quatro dígitos, ganhar quatro dígitos é ultrapassar barreiras, é uma fase da vida que você entra, e se for tiver um dedinho de esperteza, competência e/ou malandragem, nunca sai dessa. Quatro dígitos significa que uma cerveja é uma porcentagem irrisória no seu salário, que juntar dinheiro é uma coisa possível, mas se você não quiser com um mês de trabalho da para adquirir uma passagem aérea, que um motel fica muito mais divertido do que caro, que da até para fazer as refeições por lá.
As pessoas ignoram mas um emprego de quatro dígitos é um momento devia ser encarado como o primeiro pelo pubiano ou a primeira menstruação. È um rito de passagem.


P$ - Um parabéns de aniversário para quem ganha quatro dígitos agora!